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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Resenha Do Filme Batismo de sangue

O filme Batismo de sangue descreve a luta dos indivíduos de esquerda em busca de uma liberdade política para o Brasil, contra os abusos da ditadura que decretou ilegal ou clandestino qualquer grupo de oposição ao regime militar. Dessa forma analisaremos também a obra de Chiavenato "O Golpe de 64 e a Ditadura Militar".
Inicialmente a obra de Chiavenato, analisa-se as características da luta revolucionaria de Carlos Maringuella e seus aliados. Onde são descritas e apresentadas a luta armada urbana e a do meio rural sendo a principal delas, a "Luta do Araguaia". Para tanto Chiavenato discuti as características geopolítica inserida na segurança nacional.
Tanto no filme quanto na obra, identificamos a participação de estudantes, e dos freis católicos, na resistência contra a revolução militar que institui a Lei de segurança Nacional, que permitia ao governo militar calar ou silenciar qualquer um do povo, e inclusive militares que não aderissem ao projeto autoritário permitido pelo golpe de 1964. Neste sentido estas obras apresentam importantes questões a respeito das praticas de torturas, abusos físicos, políticos e psicológicos, onde se submetia qualquer individuo considerado contra-revolucionário a atos desumanos e covardes.
Nessas obras fica claro como agia os órgão de repressão, e principalmente a polícia, a qual identificava ou nomeava inimigos do regime militar, onde muitas vezes conforme exposto, acabavam prendendo pessoas que não participavam da guerrilha e que por não participarem não podiam delatar nada diante das terríveis torturas. Assim estes indivíduos viviam uma completa loucura, pois enquanto mais falavam que não sabiam de nada ou não participavam de movimentos contra revolucionários, mais eram identificados como membros opositores. Já em relação aos indivíduos que realmente participavam dos grupos comunistas, ou contra revolucionários, estes eram violentamente torturados para que delatassem os planos e os envolvidos na resistência.
Interessantemente o texto aborda a questão do terrorismo empregado pela guerrilha, onde é feita uma análise, em que se considera tal terrorismo fruto ou conseqüência da clandestinidade dos grupos de esquerda que não concordavam com o regime autoritário, ou seja era preciso dar uma resposta a situação que colocou toda a oposição brasileira, a mercê da brutalidade militar como método de manutenção do poder.
Em relação à justiça brasileira, as obras, denunciam a completa participação e apoio as praticas abusivas desencadeadas por militares, juízes, promotores, bem como os diversos grupos políticos ou públicos que controlavam o país. Pois ocorridos como o da Guerrilha do Araguaia e como o da prisão e tortura dos Freis, que quando não eram assassinados no caso dos guerrilheiros do Araguaia, eram punidos com prisões que tinha sua pena em média de quatro a sete anos, ou eram exilados, não podendo mais voltar para o Brasil. Neste sentido o texto do Chiavenato, também destaca a política velada do regime militar que considerava os guerrilheiros como elementos nocivos a Lei de segurança Nacional, mais que quando capturados estes elementos não eram julgados segundo esta lei, para que não fosse evidenciado as diversas praticas, ilegais e desumanas contra a resistência de esquerda, dentro deste pensamento, cabe lembra ainda o papel de médicos civis ou militares em atestar falsamente mortes oriundas de torturas ou assassinatos como mortes naturais ou causadas por acidentes ou suicídios.
Em relação à prisão dos freis, as obras dão atenção especial à situação do frei Tito, o qual após e sido preso e torturado, acabou sendo exilado para a Europa, onde continuou sofrendo por não poder mais voltar a sua tão amada terra "o Brasil", como também ter ficado perturbado psicologicamente com lembranças sombrias da tortura sofrida, que geraram o suicídio deste Frei. Conforme descrito na obra, o delegado Fleury, liderou tais torturas contra os Freis dominicanos, conseguindo resultados importantes para os militares, dentre eles o assassinato do líder Carlos Maringuella, diante disso percebemos que o Estado, utilizou de todo o aparato policial e econômico para manter-se no poder incontestavelmente.
Percebemos que estes rebeldes foram vitimizados duas ou mais vezes, pois após serem torturados, acabavam sendo exilados, ou ficando com graves seqüelas físicas ou mentais, onde destacamos o caso da prisão das diversas estudantes que acabavam sendo estupradas durante o interrogatório. Por fim o exílio também existia como um castigo aos rebeldes, onde acabava caracterizando uma pena.
Em relação à população percebe-se nas obras que esta não participou ativamente, pois os guerrilheiros ou contra revolucionários, não conseguiam cooptar essa massa, por inúmeros motivos, dentre eles a forte repressão aos grupos de esquerda, o forte controle da imprensa para que os abusos mais infames não fossem a público internamente ou internacionalmente, o apoio de setores civis ao golpe militar que em muitos casos acabavam servindo de informantes do Estado ditatorial militar.


Fonte: <http://www.webartigos.com/articles/12010/1/Filme-Brasileiro-Batismo-de-Sangue/pagina1.html#ixzz1O3orQu2O>

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Resumo Rapsódia em Agosto

Quatro adolescentes japoneses ficam na casa de sua avó em Nagasaki, a velha senhora ainda sofre com a perda do marido, morto na escola onde trabalhava quando a bomba atômica explodiu na cidade, assim como milhares de outras pessoas. Clark é um sobrinho americano, descoberto pelos filhos da senhora durante a viagem, que decide visitar a família e pedir desculpas pelo ocorrido, ao tomar conhecimento da forma com que o tio morreu.
 A avó traz a imagem da geração que presenciou a guerra e seus horrores, como cita uma das crianças ao longo do filme, aquelas pessoas presenciaram o que há de mais terrível.
Em uma tentativa de entendimento entre as gerações, o filme traz a busca por passar aos netos o que significou aquele momento, mas sem incentivar de forma alguma o ódio ou o ressentimento em relação aos norte-americanos.
A inclusive, no momento em que o primo Clark chega ao Japão, um diálogo no qual uma das crianças questiona se seria justo rejeitar o parente norte-americano por causa da bomba quando ele nem mesmo viveu a guerra, levando em conta somente sua origem.
No momento em que três dos netos visitam Nagasaki se revoltam com a bomba atômica e, até mesmo, criticam seus pais, dizendo que “as pessoas esquecem rápido demais”, fica clara tal necessidade.
Fundamentalmente, é colocada a questão de que as bombas atômicas foram atos terríveis, que não devem ser desprezados ou esquecidos de forma alguma, mas não de forma a incitar o ódio pelos Estados Unidos e sim com a finalidade de convencer a todos sobre a crueldade da guerra.
Tais expressões ressaltam ainda mais a noção de que não há bom e mau, vítimas e criminosos, a guerra é a verdadeira culpada por toda a desgraça que envolve a vida dessas pessoas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ex-aluno abre fogo em escola do Rio e mata 11 crianças

RIO DE JANEIRO, 7 Abr 2011 (AFP) -Um ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, abriu fogo nesta quinta-feira e matou pelo menos 11 crianças, antes de cometer suicídio.

Dez meninas e um menino, com idades entre 12 e 14 anos, foram mortos e pelo menos 12 ficaram feridos no massacre, segundo último balanço das autoridades.

O atirador foi identificado pelos bombeiros como Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, que, segundo as autoridades, já havia sido aluno do centro de ensino e cometeu suicídio depois de enfrentar a polícia.

Um vídeo do circuito interno de câmeras da escola mostra alguns momentos do ataque: nele podem ser vistos adolescentes correndo desesperados, caindo ao chão e se levantando, tentando escapar do atirador, que passa a toda velocidade diante da filmadora.

Outro vídeo publicado no Youtube mostra alunos saindo ensanguentados pela porta de entrada da instituição de ensino. 

"Funcionários da escola informaram aos policiais que o jovem chegou bem vestido, carregando uma mochila, e disse que daria uma palestra para os alunos. Foi assim que subiu ao terceiro andar do prédio", afirmou o coronel Evandro Bezerra, relações públicas do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

O coronel disse ainda que o atirador aparentemente premeditou o ataque. Wellington deixou uma carta incogruente, carregada de referências religiosas e na qual anunciou seu suicídio.

"Deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas", diz a carta encontrada pela polícia nas roupas de Weillington e distribuída à imprensa.

"Nada que seja impuro poderá tocar meu sangue", completou o assassino, que deixou instruções de que seu corpo fosse despido, banhado e envolvido em um lençol branco que afirmou ter levado à escola onde cometeu os crimes.

Para o coronel Bezerra, Wellington foi à escola "preparado para fazer isso". Segundo o coronel Djalma Beltrame, comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, "um policial que chegou à escola conseguiu ferir o criminoso na perna na troca de tiros, mas o homem se matou com um tiro na cabeça".

De acordo com Beltrame, alguns policiais participavam em uma operação de fiscalização de vans ilegais quando um aluno ferido conseguiu fugir e alertar a um dos agentes.

"Se os policiais não chegassem tão rápido, a tragédia teria sido ainda maior porque ele tinha muita munição e carregava duas armas", declarou.

O secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cortes, informou que entre os feridos, haveria funcionários do colégio. 

O ataque aconteceu no início das aulas, numa escola frequentada por cerca de 400 alunos. A polícia isolou o lugar para conter a multidão de pais, vizinhos e amigos que buscavam informações, em meio a cenas de desespero.

Elúzia, uma moradora do bairro que tem casa diante da escola, afirmou à AFP que seu filho de 10 anos conseguiu escapar do ataque.

"Ele olhou pela janela ao ouvir os tiros e, mesmo sem ter visto nada, começou a correr até a porta e graças a Deus está bem", disse.

"Vi muitas pessoas correndo, baleadas, foi horrível", acrescentou.

"Este bairro é muito tranquilo, nunca imaginei que algo assim aconteceria".

Elizer, funcionários dos correios que vive na região, afirmou que duas crianças bateram em sua porta feridas.

"Duas crianças correram para minha casa, estavam atirando em todas as direções. Minha filha e meus dois sobrinhos estavam lá. Mas estão bem", completou à AFP.

Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff prestou uma emocionada homenagem às vítimas do massacre.

"Não era e não é característica deste país viver este tipo de crime. Estamos todos unidos em repúdio a este ato de violência contra crianças indefensas. Por isso quero prestar homenagem a estas crianças inocentes que perderam a vida e o futuro neste crime", afirmou.

Com a voz embargada, Rousseff pediu um minuto se silêncio para mostrar "nossa homenagem a estes brasileirinhos que foram retirados tão prematuramente da vida".

"É uma tragédia sem precedentes no Brasil", enfatizou o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Os feridos estão sendo atendidos em vários hospitais, dependendo da gravidade de cada caso, indicou o secretário de Saúde. Alguns foram transportados em helicóptero, comprovou a AFP.

Este é o primeiro caso de massacre numa escola ocorrido no Brasil e a imprensa local chegou a compará-lo com a tragédia americana de Columbine, quando dois jovens, de 17 e 18 anos, armados com revólveres e mais de 30 bombas artesanais, abriram fogo num colégio do Colorado, matando 12 alunos e um professor antes de se suicidar.

O único precedente de um ataque em uma instituição educacional na região remonta a setembro de 2004 na Argentina, quando um aluno de 15 anos matou a tiros três colegas e feriu cinco num colégio da localidade de Carmen de Patagones, sul de Buenos Aires.



<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2011/04/07/ex-aluno-abre-fogo-em-escola-do-rio-e-mata-11-criancas.jhtm>

terça-feira, 29 de março de 2011

Potências aumentam pressão por renúncia de Gaddafi

A coalizão internacional intensificou nesta terça-feira a pressão sobre o líder líbio Muammar Gaddafi para que renuncie, e anunciou que vai continuar com os ataques contra as forças líbias enquanto Gaddafi se recusar a cumprir uma resolução da ONU de proteger civis.
Grã-Bretanha, Estados Unidos e Catar sugeriram que Gaddafi e sua família podem ser autorizados a buscar exílio se o líder, há 41 anos no poder, aceitar logo a renúncia e acabar com as seis semanas de derramamento de sangue.
Washington e Paris também levantaram a possibilidade de armar os rebeldes, que prometeram construir um país livre e democrático se conquistarem o poder em Trípoli.
Na abertura de uma conferência sobre a Líbia reunindo 40 governos e organismos internacionais em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, acusou os partidários de Gaddafi de "ataques assassinos" contra a população de Misrata, a terceira maior cidade da Líbia.
"Enquanto esse grande número de países se reúne aqui hoje em Londres, há pessoas sofrendo terrivelmente sob o governo de Gaddafi. Nossa mensagem para eles é a seguinte: dias melhores virão para a Líbia", afirmou Cameron.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que os ataques militares da coalizão na Líbia continuarão até que Gaddafi cumpra por completo a exigência da Organização das Nações Unidas (ONU) de cessar a violência contra os civis e retirar as forças das cidades ocupadas.
"Todos nós precisamos continuar aumentando a pressão e aprofundar o isolamento ao regime de Gaddafi também por outros meios", disse Clinton.
"Isso inclui um front unificado de pressão política e diplomática que deixe claro para Gaddafi de que ele precisa sair."
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse na televisão ABC que Washington não descarta a possibilidade de armar os rebeldes, embora nenhuma decisão do tipo tenha sido tomada.
Autoridades norte-americanas afirmam que a resolução do Conselho de Segurança da ONU adotada este mês permite o armamento de rebeldes, mas uma fonte da diplomacia italiana disse que essa iniciativa exigirá uma nova resolução apoiada por um consenso internacional mais amplo.
Na faixa costeira da Líbia, o foco dos confrontos, as tropas mais bem armadas de Gaddafi pareciam reverter uma investida dos rebeldes rumo a oeste, que aproveitaram os ataques aéreos da coalizão para tomar uma série de cidades na semana passada.

Moderno, livre e unido

Gaddafi acusou as potências do Ocidente de massacrarem civis líbios na aliança com os rebeldes que, segundo ele, são membros da Al Qaeda.
Antes da conferência em Londres, convocada para discutir a ação contra o governo de Trípoli e uma era pós-Gaddafi, o Conselho Nacional rebelde interino expôs a perspectiva de um país "moderno, livre e unido" se Gaddafi for deposto.
Com a nova investida dos partidários de Gaddafi contra os rebeldes, a Itália, antiga potência colonial na Líbia, propôs um acordo político para pôr fim à crise. Ele inclui o cessar- fogo rápido, o exílio de Gaddafi e o diálogo entre rebeldes e líderes tribais.
"Há um acordo tácito entre todos de que a melhor coisa seria Gaddafi partir para o exílio, porque o motivo para prosseguir com a guerra é a presença de Gaddafi", disse a fonte italiana.
Ela acrescentou que a União Africana, que não participou da reunião de terça para ressaltar sua neutralidade, é o único organismo capaz de convencer Gaddafi a partir para o exílio.
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, também indicou que o exílio poderá ser uma forma de tirar Gaddafi de cena e acalmar a insurreição que já dura seis semanas contra o governo do líder no poder há quatro décadas.
"Queremos que ele deixe o poder e é isso que temos dito repetidamente ao regime líbio. Não controlamos, é claro, para onde ele poderá ir", disse Hague à BBC, mas ele afirmou que Gaddafi deverá responder ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
A Turquia, que inicialmente se opôs à ação militar, quer um cessar-fogo rápido e uma solução negociada. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, compareceu à conferência de Londres. A Turquia não havia sido convidada para a primeira reunião da coalizão internacional, ocorrida em Paris há dez dias.
Alguns diplomatas e analistas sugeriram que oferecer a Gaddafi imunidade no âmbito doTPI e o transporte em segurança a um país anfitrião poderia incentivá-lo a partir rapidamente.
(Reportagem adicional de Adrian Croft, Tim Castle, Stefano Ambrogi, William Maclean, Simon Cameron-Moore, Andrew Quinn e David Brunnstrom; Tracy Rucinski em Madri; Silvia Aloisi em Roma; Yann Le Guernigou, Emmanuel Jarry, Brian Love e John Irish em Paris)


<http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2011/03/29/potencias-aumentam-pressao-por-renuncia-de-gaddafi.jhtm>

segunda-feira, 21 de março de 2011

Japão detecta alto nível de radiação em água do mar em Fukushima

A Tepco, companhia operadora da usina nuclear de Fukushima, informou nesta segunda-feira que foram encontrados níveis mais altos do que o normal de elementos radioativos na água do mar de regiões próximas à usina japonesa.
Porta-vozes da empresa indicaram durante a madrugada ter detectado uma amostra de que os níveis de iodo 131 são 126,7 vezes superiores ao limite estabelecido, enquanto os de césio 134 estão 24,8 vezes mais elevados e os de césio 137 se multiplicam por 16,5 vezes.
Apesar de tudo, a companhia indicou que tais níveis não representam risco para a saúde humana, mas no entanto acrescentou que fará uma investigação sobre os frutos do mar desta região e seu consumo humano.
Acredita-se que o aumento pode estar relacionado com a chuva que caiu ao longo do dia na região e as operações de jogar água sobre os reatores danificados da usina nuclear de Fukushima.

OMS ALERTA SOBRE ALIMENTOS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta segunda-feira que a contaminação por radiação nos alimentos no Japão é mais séria do que anteriormente imaginado.
O governo japonês já identificou níveis maiores de radiação do que o normal em espinafre e leite na região próxima à usina nuclear de Fukushima Daiichi, que sofre vazamento após danos causados pelo terremoto do último dia 11.
Há preocupação crescente de que partículas radioativas já liberadas na atmosfera tenham contaminado fontes de alimento e água.
"Está claro que a situação é séria", disse Peter Cordingley, porta-voz do escritório regional do Pacífico Oriental da OMS sediado em Manila, à Reuters em uma entrevista por telefone.
"É muito mais sério do que qualquer um pensava nos primeiros dias, quando achávamos que este tipo de problema pode estar limitado a 20 ou 30 quilômetros [...] é seguro supor que uma parcela de produtos contaminados tenha saído da zona de contaminação."
Ele disse entretanto não haver evidência de que alimentos contaminados oriundos de Fukushima tenham chegado a outros países.
O governo japonês ordenou nesta segunda-feira a suspensão da venda de leite e espinafre em quatro prefeituras próximas à usina nuclear. Segundo o secretário de Gabinete japonês, Yukio Edano, a medida é válida para as prefeituras de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma.
O governo japonês já alertara no fim de semana que havia encontrado níveis acima do normal de radiação por iodo em leite e espinafre a até 120 km da usina, mas garantiu que os alimentos não chegaram ao mercado.
O Ministério de Saúde do Japão já havia pedido aos moradores próximos da usina nuclear que não bebessem água de torneira, contaminada com altos níveis de iodo radioativo.
Não há ainda relatos de comida contaminada na capital Tóquio, com cerca de 13 milhões de moradores. Autoridades municipais, contudo, identificaram níveis acima do normal de iodo radioativo em um crisântemo.

VAGENS
Japão é um importador de comida e não tem exportações significativas --a maioria frutas, vegetais, laticínios e frutos do mar e peixes. Seus maiores mercados são Hong Kong, China e Estados Unidos.
Neste domingo, contudo, autoridades em Taiwan encontraram radiação em uma carga de vagens importada do sul do Japão. A contaminação foi muito pequena e estava dentro dos limites de segurança alimentar estabelecidos pela lei taiwanesa.
A radiação foi encontrada em 14 kg de vagens trazidas de Kagoshima, disse Tsai Shu-chen, funcionária da Administração de Comida e Drogas do país.
Apesar de não oferecer risco à saúde, esta é a primeira notícia de comida importada do Japão com radiação, desde a crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi --danificada por um terremoto e tsunami há nove dias.
Tsai disse que as vagens podem ter sido contaminadas quando foram transportadas, de avião, ao Aeroporto Narita, em Tóquio, para uma escala antes da viagem a Taiwan.
Kagoshima, na ponta sudoeste da ilha de Kyushu, está há mais de 1.100 km do epicentro do tremor, localizado na costa leste da ilha de Honshu.
Tsai disse que não há motivo para pânico, já que os testes mostraram que a vagem contem apenas 11 Becquerels (Bq) de iodo e 1 Bq de césio-137 por quilo --ambos bem abaixo dos níveis máximos permitidos. Ela disse que, por precaução, toda a carga será destruída.
Já a agência estatal chinesa disse que as autoridades de monitoramento ordenaram testes em toda a comida importada do Japão. Segundo a Xinhua, a China importou US$ 593 milhões em produtos alimentícios do Japão em 2010 --menos de 1% das importações do país.


LUZ
Fukushima é o pior acidente nuclear do mundo desde Chernobyl, mas há sinais de que seja bem menos grave do que a tragédia ucraniana.
"As poucas medidas de radiação relatadas nos alimentos até agora são muito mais baixas do que ao redor de Chernobyl em 1986, mas o quadro total ainda está emergindo", disse Malcolm Crick, secretário do Comitê Científico dos Efeitos da Radiação Atômica da ONU à Reuters.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que a situação nuclear continua muito séria, mas que será resolvida.
"Não tenho dúvida de que esta crise será superada eficientemente", declarou Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em uma reunião do comitê de emergência.
"Vemos uma luz para sair desta crise", disse uma autoridade do governo japonês, citando o primeiro-ministro Naoto Kan.


<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/892028-japao-detecta-alto-nivel-de-radiacao-em-agua-do-mar-em-fukushima.shtml>

domingo, 20 de março de 2011

Tsunami no Japão pode ter matado 15 mil só na região mais atingida, diz polícia

A polícia na região japonesa de Miyagi, a mais atingida pelo terremoto e o tsunami do último dia 11, estimou neste domingo que até 15 mil pessoas possam ter morrido só na sua jurisdição.
Os números não incluem as fatalidades que também estão sendo contabilizadas nas áreas atingidas ao norte e ao sul, razão pela qual já se fala em 20 mil mortos na maior tragédia a atingir o Japão desde a Segunda Guerra Mundial.
Por ora, as estatísticas oficiais não param de subir. O número confirmado de mortos já se aproxima de 8,5 mil e o de desaparecidos, de 13 mil. Cerca de 360 mil pessoas abandonaram suas casas e 26 mil foram resgatadas.
As autoridades deram início à construção de casas temporárias para atender a parte das centenas de milhares de pessoas – incluindo 100 mil crianças – atualmente abrigadas nos centros de emergência montados pelo governo.
Os sobreviventes estão enfrentando temperaturas abaixo de zero e carência de água, eletricidade, combustível e até alimentos.
Para fazer uma ligação gratuita de um minuto para familiares, eles têm de enfrentar horas na fila, porque a rede de telefonia móvel entrou em colapso.

Esforços

Na usina nuclear de Fukushima, danificada pela tragédia, os técnicos continuaram a lançar jatos de água nos reatores que contêm os bastões de combustível nuclear para evitar um perigoso derretimento.
Os engenheiros reconectaram linhas de energia aos reatores 1 e 2, mas ainda não está claro quando a energia poderá ser religada.
Ao restaurar a energia, as autoridades pretendem retomar o processo de injeção de água para resfriar as estruturas.
Entretanto, a agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) advertiu que, mesmo com o restabelecimento do fornecimento de energia para os dois reatores, é possível que as bombas de água que resfriam os reservatórios de combustível tenham sido permanentemente danificadas.
Alguns especialistas crêem que a operação de usar caminhões-pipa para lançar água pode ter de continuar por vários meses.
Após ter sido reconectados à energia no sábado, os reatores 5 e 6 da usina foram resfriados, informou a agência de notícias Kyodo News.
As informações são de que os esforços continuam para resfriar os reatores 3 e 4 da usina.

Radiação

No sábado, o governo japonês informou que foram detectados níveis de iodo radioativo mais altos do que o permitido pela legislação japonesa na água encanada de uma cidade na província de Fukushima.
Em outras cidades da região, encontrou-se níveis altos de iodo radioativo também no leite e em alguns vegetais, aumentando a preocupação do governo com a contaminação, segundo a Kyodo News.
De acordo com a AIEA, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar do Japão proibiu a venda dos produtos e está realizando mais testes.
O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, disse que o governo decidirá na segunda-feira se restringe o consumo e o envio de alimentos provenientes de Fukushima e regiões vizinhas.
As autoridades japonesas elevaram de 4 para 5 o grau de seriedade do acidente nuclear, em uma escala internacional que vai de 1 a 7.
A crise, até então considerada local, está sendo considerada como um problema de consequências potencialmente abrangentes.

sábado, 19 de março de 2011

Japão começa a notar estabilidade de emergência nuclear

Por Kazunori Takada e Elaine Lies
TOQUIO, 19 de março - (Reuters) - Um dos seis reatores nucleares danificados pelo devastador tsunami de uma semana atrás parece ter sido estabilizado neste sábado, enquanto o Japão corre para tentar restabelecer o abastecimento de energia na usina nuclear, para tentar resfriá-la e evitar um vazamento de radiação catastrófico.
Engenheiros afirmaram ter obtido sucesso depois que caminhões de bombeiros jogaram água durante horas no reator número três, considerado o mais perigoso do complexo nuclear de Fukushima, por causa da utilização de plutônio, extremamente tóxico.
"A situação lá está, de certa forma, se estabilizando," disse o ministro Yukio Edano, numa coletiva de imprensa.
O Japão também anunciou a primeira contaminação de alimentos desde que o forte terremoto e tsunami atingiram o país dia 11 de março, deixando quase 18 mil pessoas mortas ou desaparecidas e devastando cidades por completo, e provocou uma emergência nuclear.
O Japão ordenou a suspensão da venda de todos os produtos alimentícios da província de Fukushima, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), alertando que o iodo radioativo encontrado nos alimentos pode oferecer um risco de curto prazo para a saúde humana.
Edano disse a jornalistas, antes do aviso da IAEA, que os índices de radiação mais altos não ofereciam perigo para a saúde humana, mas as descobertas certamente aumentarão o controle das exportações de alimentos do Japão, especialmente na Ásia, seu maior mercado.
Restaurantes em Cingapura já estão considerando importar sushi, sashimi e outros ingredientes japoneses de outro lugar.
O primeiro-ministro Naoto Kan, que enfrenta o maior desastre do Japão desde a Segunda Guerra Mundial, sondou a oposição sobre a possibilidade de formar um governo de unidade nacional, para lidar com a crise. Mas o líder do maior partido da oposição rejeitou a ideia.
Apesar dos sinais de progresso neste sábado, a crise parece estar longe de ser controlada. Um cabo de força de 1,5 quilômetro foi ligado ao exterior da usina destruída, numa tentativa desesperada de reiniciar as bombas d'água para resfriar as barras de combustível nuclear superaquecidas e evitar um vazamento nuclear mortal.
Quatro dos reatores mais atingidos do complexo deverão ter energia no domingo, afirmou a agência de segurança nuclear do Japão, o que será um marco crucial no pior acidente nuclear do mundo em 25 anos.
Restaurar o sistema de refrigeração da usina pode ajudar a aliviar a ansiedade em Tóquio, que fica cerca de 250 quilômetros ao sul, de onde dezenas de milhares de turistas, expatriados e residentes foram embora ou estão trancados em casa, apesar das leituras dos níveis de radiação estarem bem dentro da média e dos ventos estarem soprando da usina para o mar.
Engenheiros fixaram o cabo de força ao reator nuclear número dois, mas ainda não ligaram os refrigeradores e planejam testar a força nos reatores números um a quatro no domingo, disse, em entrevista coletiva, Hidehiko Nishiyama, subdiretor geral da Agência de Energia Nuclear e de Segurança Industrial japonesa.